Pipoca
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez ficando mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer.
De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: pum! - e ela aparece como uma outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.
(texto do Rubem Alves, um cara que eu admiro muito e que sempre me inspira.)
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