Então, o que eu acho é o seguinte. Eu acho que poderia ser bom viver numa sociedade sem religião. Eu na verdade sou uma das pessoas que tem muita inquietação por não explicar a realidade e acredito em coisas além do mundo material, mas acho que as instituições religiosas realmente sempre causaram muito problema no mundo. E aqui na Europa as pessoas são cada vez mais ateístas, o que pra mim está bem, cada um que acredite no que quiser.
Eu só acho uma coisa. A grande carga moral da nossa educação (de quase todo mundo) veio da educação religiosa. Eu acho que a sociedade deve se preocupar em como manter a educação moral sem a existência de Deus, de pecado, de recompensa e punição. Eu acho que essa propaganda pode ser lida de forma muito perigosa, tipo agora a gente pode fazer tudo o que quiser. E não, o mundo ainda precisa (e como!) de leis, de ética, de valores. O que eles querem dizer com "agora aproveite a vida"? Isso não pode ser lido como "agora não há mais leis, limitações"?
Eu estava conversando sobre isso com o Olimar e ele me mostrou uma coisa que confirmou o que eu estou dizendo. Um imbecil escreveu um comentário no jornal (num artigo que falava sobre essa campanha publicitária) dizendo tipo assim: "ah, acho que vou seguir o conselho dos ateus e aproveitar a vida! Algum jovem ateu pode me apresentar a sua mulher?"
7 commenti:
Eu absolutamente recuso a equação religião = ordem e civismo. Se fosse assim, o Oriente Médio seria um paraíso...
Não foi isso que eu disse, concordo com você. Eu só acho que:
1. a sociedade deveria pensar sobre como deve ser dada uma educação moral (a idéia de respeitar o próximo - porque amar todo mundo realmente é meio difícil - fazer o bem, etc) que não seja baseada em nenhuma crença religiosa (e eu acho que isso não só é possível, mas muito interessante).
2. a frase, do modo como foi colocada, pode ser interpretada (tem muita gente tosca no mundo, o que prova o cara que eu mencionei) como falta de religião = falta de leis = diversão total, como se um mundo sem leis fosse desejável.
Eu continuo discordando totalmente das duas proposições.
1. Vide a educação republicana francesa do século XIX foi extremamente secular e extremamente cívica. Dê uma espiada no "A Glória do Meu Pai" do Marcel Pagnol e você vai ter uma idéia do que eu estou dizendo.
2. Passar mensagens "foolproof" é muito difícil e eu não acho que a campanha tenha obrigação de se endereçar aos idiotas. O que eles quiseram dizer (e eu acho que eles tem toda razão) é que sem neuroses teomotivadas dá para aproveitar muito mais a vida. Dentro da lei.
Para variar eu li errado sua frase "não só é possível" => "só não é possível". ;-)
Conheço muitos ateus que orientam suas vidas por princípios e valores éticos, pessoas em quem eu gostaria de me espelhar. E conheço muitos religiosos com uma prática cotidiana pouco amorosa,cheia de preconceitos e falta de respeito ao próximo de quem eu tenho aversão.
Mas conheço cada vez mais gente que cresce achando que pode tudo, que tem todos os direitos do mundo, mas não sabe respeitar os mais elementares direitos de quem está do seu lado. Por isso, entendo muito o que Maria disse.
Concordo com o que ela diz tb sobre religião. Acho que a fé institucionalizada nos afasta de Deus. Mas o que acontece no Oriente Médio não pode servir de base para essa discussão, creio eu, pois o grande problema lá é o fundamentalismo e não o islamismo como religião. Os cristãos fundamentalistas também são capazes de tudo. E isso realmente está fora de discussão.
eu nao colocaria a culpa na religião.
talvez muito mais no consumismo.
religiao em geral não é algo que dita o comportamento. consumo sim.
pessoas saem do trabalho e são atacadas por outdoors, vitrines de lojas, gastam tempo e relaxam a mente no derreter cerebral vendo novela da globo.
o outdoor tinha que ter sido diferente.
"there is probably no good thing in a new ultra mega hyper new car.
now stop thinking in buying a new one and enjoy your life with what you have"
ok muito longo hehehe não ficou publicitário.
enfim...
beijos mariãaaaaaaaoooo!!!
Putz!
Adorei as postagens da Cris e a do Fabão.
A discussão sobre a existência de Deus me remete para o paradigma dos cientistas entre a Fé e o Ateísmo.
O post da Cris nos lembra que a moral não é necessariamente estabelecida pela fé, nem pela religião.
Acho que muitas pessoas vão mesmo interpretar a frase da forma errada, assim como muitas interpretam as religiões errôneamente.
Com ou sem fé, com ou sem religião, somos todos regidos pelas leis do universo (que é de Deus [seja "ele" quem ou o que for], gostemos disso ou não!).
Assim como alguns semeam a dúvida e a confusão, vem a Mary e nos oferece seu blog pra exercitarmos nossa interpretação e a construção em uma direção mais positiva.
Ari.
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