Estou lendo um livro de um autor indiano cuja história se passa na Índia (o título é "A Fine Balance", não sei se foi traduzido pra português) e a cada dia eu fico mais horrorizada com a descrição do sistema de castas. Eu sempre soube que a sociedade lá era dividida assim, que as classes sociais são rigidamente estabelecidas, e que não é possível mudar de uma pra outra, mas não imaginava que era tão terrível. Na história a casta mais baixa (eles são chamados de "os intocáveis") não tem direito nem de chegar perto da escola ou da igreja, de tocar os mesmos objetos que as castas ricas, de ser qualquer coisa além de tipo lixeiro ou coveiro, de andar no mesmo lado no passeio... E a qualquer delize eles são apedrejados, obrigados a comer bosta em praça pública, chicoteados até a morte, um horror. Alguém sabe se até hoje é assim? (a história do livro é na época de Gandhi)
Eu me vi tomada por preconceito contra os indianos tratando seu próprio povo assim, pensando em como o Brasil é diferente apesar da grande distância entre pobres e ricos, quando me veio na memória um dia em que eu estava em BH esperando o elevador no meu prédio e uma moça, provavelmente empregada de outro apartamento, perguntou se ela podia subir comigo. Tudo bem, ela não teria que comer bosta por subir no elevador comigo, mas ela entende bem (e pior, aceita!) que tem que se colocar no seu lugar.
mercoledì 28 maggio 2008
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4 commenti:
Sim Mary. É desse jeitinho.
Pior ainda ficará qdo vc começar a ler sobre as mulheres. Foi isso q me chocou tanto na Índia. E eu visitei a província mais pobre e miserável da Índia (Orissa).
A relação de castas é mesmo incompreensível. A Índia tem média de 1 assinato por ano. Paradoxalmente existe muito respeito entre as pessoas. Continuo tentando entecer. Vc me empresta o livro depois?
Mas é bão lembrar q a Índia, como o Brasil, é um país de muitas culturas. E me pareceu q, mesmo o sistema de castas, não funciona do mesmo jeito, e com a mesma intensidade, em todos os lugares. Basta olhar para o sul do país.
O dono da Mithal (maior grupo siderúrgico do mundo) vive na Inglaterra e não é aceito na Índia. Ele é de uma casta inferior e, portanto, não poderia ter ído tão longe.
Parece que o negócio é dureza mesmo. Oficialmente o sistema de castas é proibido pelo governo, na prática a teoria é outra. O negócio é hour-rou-ri-zan-te...
Mas cá entre nós, eu quando falo que tenho empregada doméstica em casa, que arruma minha cama e apanha cueca jogada no chão, a francesada me olha como se eu fosse um Senhor de Engenho. Então, apesar de eu ser contra esses relativismos morais, tem que se tomar cuidado com o etnocentrismo.
Ai, ai...
Eu entendo o que você está falando, Dudu, mas eu acho que essa coisa de casta é o tipo de coisa que não dá pra relativizar, é errado e ponto, absolutamente errado. Eu acho que tem coisa que dá pra relativizar e coisa que não dá.
Como eu tinha dito antes, eu acho que no Brasil a gente faz coisas parecidas. Eu nunca me senti bem com a idéia de empregada da forma que a gente tem lá, uma coisa servil, "fulana, traz um cafezinho pra mim". Eu nunca consegui lidar com a mulher comendo em pé na cozinha, usando um banheiro diferente, etc. Não é à toa que a mulher perguntou se ela podia subir comigo no elevador, de onde ela tirou essa idéia?
Eu acho que tinha que ser mesmo como é aqui na Europa, um serviço caro (como todos esses serviços que ninguém na verdade quer fazer, lixeiro, coveiro...) No Brasil as empregadas sabem que nasceram numa "casta" inferior. Ela tem o direito legal de lutar e ser advogada, mas cá pra nós, ela tem o direito de sonhar com isso, ela que come em pé na cozinha? Aqui você pode escolher, você quer catar cueca dos outros ou quer ficar anos estudando e ser arquiteto? Tem gente que vai preferir um, tem gente que vai preferir outro, e todos vão ter uma vida digna, isso é o que eu acho justo.
Deixa ver
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